Reportagem publicada na edição nacional do jornal El País, afirma que a produção no desenvolvimento de novos medicamentos não é tão exorbitante como a indústria farmacêutica gostaria que a sociedade enxergasse. Quando foi aprovada a primeira terapia genética contra o câncer nos EUA, a discussão sobre os valores dos medicamentos foi retomada já que um grande laboratório havia desenvolvido um medicamento com alta eficácia para o tratamento de leucemia para crianças e jovens cuja dose ultrapassava em reais, cerca de 1,5 milhão.

A indústria farmacêutica comenta sobre altos investimentos em pesquisa e os custos para conseguir fazer o trajeto entre desenvolvimento, produção até a chegada ao mercado consumidor. Universidades americanas especializadas em pesquisas no campo farmacêutico, demonstram que o desenvolvimento de um fármaco com mais de 10 anos de pesquisa gira em torno de 8 bilhões em investimentos. Apesar dos dados sem demonstração dos cálculos previstos, dois pesquisadores americanos, Vinay Prasad, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregón, e Sham Mailankody, do Centro de Câncer Sloan Kettering, de Nova York, refizeram a estimativa do custo de implantação de um novo fármaco oncológico e demonstraram que o valor consumido em cerca de sete anos de pesquisa e desenvolvimento, pode chegar a 648 milhões de dólares ou mais de 2 bilhões em reais.

O tema explorado foi divulgado, porque o trabalho dos pesquisadores foi publicado no Jama Internal Medicine, afirmando que os custos de desenvolver um composto oscilava entre 159 milhões de dólares ou 500 milhões de reais e cerca de 1,95 bilhão de dólares ou 6,12 bilhões de reais. Estima-se que entre as novas drogas no mercado, aproximadamente 10 analisadas, teriam gerado à indústria 10 vezes maior lucro que o investimento inicial. Entre elas, a eculizumab, no valor de 409 mil dólares ou 1,29 bilhão de reais chegou a estar no topo dos medicamentos mais caros do mundo.

Apesar das estimativas da pesquisa relativas aos medicamentos oncológicos, o custo exato dos remédios ainda é uma incógnita porque os laboratórios não tratam do tema com transparência. A comunicação fechada dos laboratórios gera dúvidas por parte de outros especialistas, já que nem todos os componentes presentes nos fármacos podem ser analisados, conforme aprovação da agência americana FDA. A situação se torna ainda mais relevante nos EUA porque as empresas podem fixar seus valores, ao contrário da Europa cujos preços são negociados junto aos governos trazendo maior acesso aos doentes.

A pesquisa gerou mais polêmica entre os estudiosos do assunto, que entre as empresas farmacêuticas que se dispuseram a participar do estudo. Consideradas menores na cadeia produtiva dos laboratórios foram compradas por companhias maiores ainda durante a pesquisa exploratória. A conclusão é que o custo da pesquisa e desenvolvimento de fármacos voltados para oncologia é bastante variável e as margens de lucro das gigantes do mercado continuam não sendo transparentes para o mercado e nem regido por leis. A boa notícia é que a indústria brasileira de fármacos abriu a produção para os genéricos aumentando o acesso aos novos medicamentos à população de uma forma geral.